O projeto Litter Less atua avaliando a distribuição do lixo no litoral e estimula a educação ambiental para a população
O problema do lixo marinho tem sido uma realidade constante no litoral e, infelizmente, muitas vezes não percebemos o impacto de nossos próprios hábitos nessa questão. Com especialidade na área de dinâmica costeira, o professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) Paulo Sousa percebeu como o lixo que descartamos na praia interfere na vida marinha e isso o levou a criar um projeto de extensão voltado para entender melhor a problemática e levar esse conhecimento para as pessoas. Sousa afirma que “quando nós levamos o conhecimento relacionado ao resíduo para eles [sociedade] saberem o que é (…) é bem perceptível a questão da lacuna da educação ambiental no que diz respeito ao lixo marinho”.
Em março de 2022, as atividades do Litter Less começaram nas praias do bairro Meireles. O trabalho consiste em delimitar um determinado espaço e fazer o recolhimento do lixo no local para posteriormente ser analisado. A ideia é catalogar os tipos de resíduos encontrados para entender os hábitos de consumo e de descarte. Vale lembrar que os resíduos encontrados nem sempre são produzidos no local onde são encontrados. Muitos deles são gerados em uma área e transportados para outras praias.
Neste ano, as coletas estão acontecendo em seis praias de Fortaleza, partindo da Sabiaguaba, passando pelas praias do Futuro, Meireles, Iracema, Leste-Oeste e Barra do Ceará, e os membros do projeto já identificaram particularidades dos tipos de resíduos predominantes em cada uma. A partir disso, pretende-se publicar os dados de coleta, análise e catalogação, material que pode ser usado como base para gestão e tomada de decisão acerca da poluição nas praias e conscientização da população futuramente.
Rosiane dos Santos Moura, estudante de Oceanografia na UFC e bolsista do projeto, afirma que já aprendeu muito desde quando começou a fazer parte da ação extensionista, em janeiro deste ano, e visualiza a importância do Litter Less para a sociedade: “(…) levando conhecimento tanto para as escolas como para as comunidades, nosso projeto consegue fazer a diferença”, afirma a estudante.
Além das coletas, o projeto também realiza palestras, rodas de conversa e oficinas em escolas, universidades, empresas, entre outras organizações. A idade do público-alvo varia entre 4 a 70 anos e as temáticas abordadas incluem sustentabilidade, educação ambiental, vida marinha e apresentação sobre as próprias atividades da ação. O Litter Less também tem atuação nas redes sociais e o conteúdo elaborado tem o objetivo de mostrar ao público os impactos do lixo no litoral, curiosidades sobre o projeto e os resultados das ações realizadas.
O projeto ainda realiza exposições artísticas de obras feitas por membros do Litter Less com resíduos coletados nas ações de limpeza na praia. As esculturas produzidas com lixo possuem o objetivo de provocar reflexões sobre as consequências negativas dessas substâncias para a fauna e para a flora marítima. Além disso, também são ministradas oficinas de “artivismo”, nas quais são confeccionadas placas, que foram expostas na Semana do Mar no Labomar, e para serem utilizadas em futuros eventos do projeto, que promovem a conscientização sobre a necessidade de preservar o oceano.
Com uma atuação vista como positiva pela sociedade, o projeto teve destaque na mídia, sendo uma das iniciativas apresentadas na série “O oceano começa aqui”, realizada pelo jornal Diário do Nordeste. A reportagem mostra a equipe do jornal acompanhando a coleta de campo e aborda as consequências do lixo marinho no meio ambiente.
Quer levar o Litter Less para sua instituição? É possível contatar o projeto pelas redes sociais ou por e-mail para realização de palestras ou participação em eventos. As informações para contato estão disponíveis no fim desta matéria.
Contato:
Site: labomar.ufc.br
Instagram: @litter_less_ce
email: litterless.ce@gmail.com
Texto por Giovanna Carvalho e Karizia Marques sob a supervisão de Narjara Pires